CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Convivências
Uma
tarefa hercúlea é buscar entender a nós mesmos. Se tal façanha é dificultosa,
imagina buscar entender os outros.
Mas
a realidade é que temos que conviver, tanto conosco mesmos quanto com os
outros, então, precisamos encontrar meios para isso.
Um
dos caminhos é entrar no modo questionamento. Perguntar a nós mesmos sobre o
que realmente está por trás de nossas atitudes e das ações dos outros pode nos
ajudar a cumprir nosso dever social sem muitos traumas.
É
óbvio que no percurso da vida teremos frustrações, decepções e nos
entristeceremos muito com o outro. Todavia o que não devemos perder de vista é
que não são as coisas e as pessoas que nos deixam aborrecidos, frustrados,
enraivecidos, mas, sim, as suposições que fazemos e o que dizemos a nós mesmos
diante dessas situações.
Por
exemplo: imagine que convidou um amigo ou uma amiga para ir à praia e no dia
ele ou ela não apareceu. Obviamente que, num primeiro momento, você vai ficar
um pouco desapontado(a) e muitos pensamentos surgirão: puxa vida, sabia que não
dava para confiar nesta pessoa; realmente está muito difícil ter amigos hoje em
dia, ou coisas do tipo: não tem coragem nem de avisar.
Mas
quando algumas horas depois recebemos um telefonema de um ente querido da pessoa
que deveria estar comigo, me dizendo que houve um acidente e a pessoa teve que
ser levada às pressas para o hospital, entendo que toda energia gasta para
pensar em tantas coisas negativas foi em vão, servindo apenas para me
desestabilizar. O que me faltou então? Questionar, antes de me envolver em
pensamentos intrusivos negativos.
Shakespeare,
em Hamlet, escreveu: “Não há nada de
bom ou mau, é o pensamento que os torna assim”. É claro que podemos refutar a
proposição shakespeariana, mas acredito que se ela for vista de maneira mais
arguta, podemos cotejá-la com uma frase ainda mais popular que diz: “se a vida
lhe der limões, faça uma limonada”.
Deste
cotejo poderemos depreender a seguinte verdade: não é fácil lidar com o outro,
até porque não é fácil lidar conosco mesmo, mas se nos fixarmos no melhor que
cada um pode proporcionar, certamente teremos uma convivência mais possível de
ser vivida, consequentemente, mais leve.
Não
existe ninguém perfeito, nós também não somos. Todos erram, assim como nós. Mas
a grande sacada é entendermos que existe vivências significativas. São aquelas
que conseguem projetar um estar com o outro para além das dificuldades que esta
vivência pode nos proporcionar.
Um
fortíssimo abraço para você!
Instagram: baunilha45 e s48m7
Muito bom! 👏🏼
ResponderExcluirMuito adequado o texto aos dias estranhos que vivemos. Eu pensaria, em primeiro lugar, em um imprevisto no caso da amiga. Penso o melhor, mas ha situacoes em que as duvidas se dissipam e a verdade aparece. Ai, nao tem volta. Abracos da sua colega em Letras.
ResponderExcluirÓtima reflexão!
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