CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Vulnerabilidade
Se
envolver na vida, se entregar por inteiro nesta aventura cheia de alegrias e
percalços, é necessário entender como alguns conceitos ecoam em nossa psique e
utilizá-los como auxiliares para uma vida plena.
Neste
ínterim, peço licença para citar um trecho do discurso do presidente americano
Theodore Roosevelt, proferido na Sorbonne em 23 de abril de 1910:
Não é o crítico que importa; nem aquele
que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia
ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da
vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue que luta bravamente;
que erra, que decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que,
na verdade, se empenha em seus feitos. Que conhece o entusiasmo, as grandes
paixões; que se entrega a uma causa digna; que, na melhor das hipóteses,
conhece o final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao
menos fracassa ousando grandemente.
Se pudéssemos interpretar o excerto supracitado
em apenas uma palavra, essa seria vulnerabilidade. Vocábulo que assusta, pois o
enxergamos como uma capacidade improdutiva e negativa de lidar com a
existência.
Todavia,
como relata Brené Brown (2016, p. 9) “vulnerabilidade não é conhecer a vitória
ou derrota; é compreender a necessidade de ambas, é se envolver; se entregar
por inteiro.
Dito
isso, percebemos que, nesta acepção, vulnerabilidade é vista como sinônimo de
coragem. Ser vulnerável, então, é adentrar na estrada da vida sem medo de
vivenciar toda e qualquer experiência que esta vier nos apresentar.
Quando
nos detemos nesse pensamento, entendemos que ser humano é aceitar a
vulnerabilidade, pois a sua estada em nós é contínua. Não existe perfeição
abaixo do sol. Perseguir um conceito sem fundamento é como correr atrás do
vento, como dizia o velho e bom Salomão. Encarar a realidade é a única maneira
de enfrentá-la sem muitos temores. Isso é vulnerabilidade.
Também,
ser vulnerável é entendermos que precisamos criar vínculos com as pessoas.
Fomos criados para a conexão.
Para
além do engajamento com os outros, não podemos negligenciar o fato de que temos
que construir um relacionamento íntimo e harmonioso conosco mesmo. Independentemente
do que fizemos no dia, dos resultados que esses afazeres trouxeram, dos erros e
dos acertos nas relações sociais ou no trabalho, precisamos olhar para o
espelho e enxergar que estamos diante da pessoa mais importante do universo
para nós.
Sendo
assim, sem amor-próprio e sem conexão só nos resta a solidão e a angústia. Nos
amando e mantendo ligações harmoniosas com nosso próximo teremos alegria e
força.
Vamos
continuar o assunto na próxima semana.
Um
fortíssimo abraço para você!
REFERÊNCIA:
BROWN,
Brené. A coragem de ser imperfeito.
Trad. Joel Macedo. Rio de Janeiro: Sextante, 2016.
Instagram: baunilha45
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