SAÚDE TOTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
Crianças e do adolescentes no
mundo atual
Não
sei vocês, mas muito me assusta a condição das nossas crianças e adolescentes
em nosso tempo. Estão todas ansiosas, preocupadas, assustadas e sobretudo depressivas.
É
evidente que a situação atual colabora com muita exatidão para este quadro, mas
o que realmente me deixa estupefato é com a mudança de comportamento oriundos
de uma cultura capitalista, fatalista e extremamente generosa em seus conceitos
errôneos.
Para
pensar em tudo isso temos que trazer o adulto para a conversa. Com a cultura
massificada da beleza, da “juventude eterna”, nossas existências têm sido infantilizadas
e, assim, as crianças e adolescentes têm perdido suas referências.
Não
estou dizendo que não precisamos nos cuidar. Não é isso. Esta ação é
importante, e muito; mas necessitamos saber a medida exata deste cuidado e, se
ele estiver exagerado, se perguntar o porquê a situação está desta forma.
Sem
referenciais as crianças e adolescentes agirão movidos por discursos
midiáticos, muitas vezes (na maioria das vezes) equivocados, estereotipados e
preconceituosos.
As
redes sociais e também a televisão criam a todo tempo um novo mundo simbólico
que exige uma nova concepção de vida. O que me preocupa é que esta vida criada
tem uma conexão muito estreita com o que os adultos esperam dela.
Diante
disso, a infância está naufragando no mar da adultice. Vemos nossas crianças, ainda
muito pequenas, já usando cosméticos, unhas de gel, tintas capilares e roupas e
sapatos totalmente fora da sua estrutura física e psicológica.
Tais
atitudes as aproximam muito do mundo do adulto, não permitindo que vivenciem
fases importantíssimas para seu desenvolvimento enquanto pessoa, tanto
fisicamente, quanto, principalmente psicologicamente.
Sabemos
que muito disso se dá pelo excesso de informação a que estão o tempo todo
expostas, pois dificilmente vemos um juvenil ou adolescente que não tenham
telefones móveis.
A
questão é que o excesso de informação é que fundamenta a diferenciação do papel
social e da identidade.
Tal
pensamento nos faz lembrar que não podemos esquecer que todos nós, mas muito
mais efetivo em crianças e adolescentes existem os neurônios espelhos. Eu vejo,
gosto, imito. Eu sinto, imito também.
Diante
disso, as perguntas que emergem são: o que estão vendo nossas crianças e
adolescentes? Quais são as intervenções que damos quando interpelados por elas
a respeito do que se passa na vida de influenciadores midiáticos? Qual o nosso
comportamento diante das situações limites, como esta que estamos vivendo? (Não
podemos esquecer que o neurônio espelho capta nossos sentimentos. Se estivermos
tristes e ansiosos, nossos filhos também sentirão).
Conversaremos
mais sobre este assunto na próxima semana.
Um
abraço fortíssimo em você!
Eduardo, vivemos ultimamente no mundo dos excessos, das últimas horas, como se tudo fosse acabar agora. Bom texto.
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