CORAÇÃO NÃO É TÃO SIMPLES QUANTO PENSA!

 CORAÇÃO NÃO É TÃO SIMPLES QUANTO PENSA!

Foto de Arquivo Pessoal

Ontem (05), estive numa festa de aniversário de um amigo muito querido. O evento, bastante farto e repleto de pessoas interessantes, ocorreu na cobertura de um prédio em Bento Ferreira, charmoso bairro de Vitória, capital do Espírito Santo. 

No final da festividade, após tantos risos, degustações e brincadeiras, o aniversariante confidenciou-me das suas alegrias neste novo ciclo da vida, agradeceu-me pela lealdade e chorou ao recordar do perfume de amor impregnado em sua memória, um afeto por alguém que partiu do seu cotidiano arrebentando os setenta e dois ossos do seu coração, o amor que não ousa dizer o seu nome e persiste guardado no relicário do desejo. 

Em total catarse, lembrei-me de todas as vezes que tentei inutilmente abafar o perfume da minha memória, calcificar os setenta e dois ossos do meu coração e declarar sinistro do relicário do meu desejo através de encontros, noites em claro, ruas e bares. Tudo em vão. 

Carlos Drummond de Andrade acertou e errou. Amor não é bicho instruído. Amor não possui códigos-fontes, senhas-altas; amor não é um quebra-cabeça, não existe nas tabuadas, não é conceitual. 

A Banda Mais Bonita da Cidade tem cantado por aí que “coração não é tão simples quanto pensa, nele cabe o que não cabe na dispensa, cabe o meu amor, cabem três vidas inteiras, cabe uma penteadeira, cabe nós dois”

Pablo Neruda, o poeta dos Andes, justificou levianamente o motivo de amar: “te amo simplesmente porque te amo. Eu mesmo não sei porque te amo”. Já Dolores Duran escreveu num papel-toalha com lápis de olho, ao som do piano de Tom Jobim que “as flores na janela, sorriam, cantavam, por causa de você”. Por fim, o romântico Roberto Carlos demonstrou que amar é ato solene ao dedilhar em lá maior que “quase também é mais um detalhe”

Não adianta cortar a aorta e asfixiar o sentimento. É preciso sofrer, chorar, viver por viver, sentir os pulmões grudarem na angústia, começar com um tímido sorriso no canto da boca, depois abrir a boca por inteiro, fechar os olhos e destacar as covas da face até que a ferida cicatrize e o ímpeto do começo impulsione novos momentos.

É preciso compreender que nada se perde, tudo é camaleônico e vai se transformando com as células do próprio corpo que se regeneram por sobrevivência. Ainda bem que Drummond foi certeiro: “as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”.

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