Celulares, pessoas e mudanças comportamentais

                    


SAÚDE TOTAL


Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha


Celulares, pessoas e mudanças comportamentais

Pessoas e celulares tornaram-se inseparáveis. Pesquisas recentes revelam que dos 7 bilhões de habitantes no mundo, 6,9 bilhões possuem telefones móveis. No Brasil está estimado, segundo dados da Anatel, 276 milhões de celulares para uma população de 201 milhões de pessoas.

Obviamente que este relacionamento criou mudanças muito significativas na vida de todos. Não conseguimos (claro, os mais experientes) pensar no tempo em que precisávamos usar a ficha, depois o cartão, ou esperar ansiosos para chegarmos em casa para usar o telefone para matar a saudade de alguém ou resolver algum problema pessoal.

Não dá para negarmos as vantagens de ter este aparelho em mãos: temos mais agilidade de comunicação e interação, resolvemos situações de trabalho em qualquer lugar que estivermos, registramos dados sem outros aparelhos auxiliares, fazemos chamadas de vídeo e conseguimos interagir com pessoas do outro lado do mundo e ...

Mas também não podemos negar que o uso irracional deste objeto pode causar alguns problemas que podem tornar-se difíceis de serem resolvidos a curto prazo.

A nomofobia é a denominação que a medicina encontrou para descrever os desequilíbrios emocionais e os ataques de ansiedade por aqueles que se encontram separados de seus telefones móveis.

Cristiano Nabuco relata que o primeiro estudo sobre a nomofobia foi realizado em 2012, por Andy Kemshall, realizado em 4 anos. O estudo mostrou que 53% das pessoas já sofriam desta ansiedade.

Acredito que, depois da pandemia, outros estudos virão e mostrarão um quadro ainda mais preocupante que o visto por Kemshall.

Outra pesquisa revelou que um usuário médio usa seu celular cerca de 3h16min por dia e verifica suas notificações numa cifra de 1,5 mil vezes em uma semana.

E como podemos perceber que estamos sendo um nomofóbico? Não é muito difícil chegarmos a este diagnóstico. Se sentirmos que somos incapazes de ficar sem o aparelho, se verificamos constantemente o celular para ver notificações, se tivermos vontade de responder mensagens de maneira obsessiva, se a duração da bateria for algo que lhe tira o sono e a paciência e se sentirmos mal quando estamos longe do aparelho, podemos estar certos de que a utilização do aparelho móvel está sendo realizada de maneira não muito equilibrada.

Portanto, “do ponto de vista da saúde mental, sabemos atualmente que muitos efeitos observados são semelhantes aos do vício em álcool e drogas e aos do jogo patológico”, revela Cristiano Nabuco (2016, p. 216).

Acresce que, um estudo de 2011 divulgou que o uso indiscriminado do aparelho móvel tem uma relação muito estreita com problemas mentais, pois modifica a atividade cerebral.

Na Suíça, um oncologista chamado Lennart Hardel disse que crianças e adolescentes são 5 vezes mais propensos a ter um tipo particular de câncer em função da exposição à radiação emitida pelo celular, pois os seus cérebros são mais sensíveis aos campos eletromagnéticos, porque os ossos do crânio deles são mais facilmente penetráveis pelas ondas.

Preocupante não é?

Na próxima semana conversaremos mais a respeito deste assunto.

Um abraço fortíssimo em você!

 

Referência:

ABREU, Cristiano Nabuco de. Psicologia do cotidiano: como vivemos, pensamos e nos relacionamos hoje. Porto Alegre (RS): Artmed, 2016.

1 Comentários

Sejam bem-vindos à Cellebriway.
A sua Revista Eletrônica

Postar um comentário

Sejam bem-vindos à Cellebriway.
A sua Revista Eletrônica

Postagem Anterior Próxima Postagem