Nossa ansiedade de cada dia

             


SAÚDE TOTAL


Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha


Nossa ansiedade de cada dia

No estado de alerta preconizado pela nossa conversa anterior podemos depreender duas vertentes: precisamos estar alertas quanto àquilo que não nos faz bem, assumindo esta condição e procurando ajuda e; devemos atentar para o fato de que sempre estar alerta também é um problema sério a ser resolvido.

Neste ínterim lembramos facilmente da ansiedade que, como qualquer outro sentimento pode ter seu lado bom e ruim. Bom, quando nos ajuda a direcionar a vida de maneira segura. Ruim, quando nos limita, impedindo-nos de viver uma vida mais leve e significativa.

A ansiedade está diretamente relacionada com aquilo que a gente pensa, sendo sua construção multifocal, não unifocal. Nossa identidade se forma a partir de diversas influências: psicológicas, sociológicas e culturais. E é aí que pode estar a raiz do problema. Estas influências dirimem nossas ações e elas nem sempre estão na ordem do consciente, na verdade, pouquíssimas estão, sendo, portanto, a maioria inconsciente.

Augusto Cury relata que “nosso pensamentos estão distorcidos e contaminados por nossa cultura e personalidade (quem sou), por nossa emoção (como estou), pelo ambiente social (onde estou) e por nossa motivação (o que intenciono). Não há interpretações puras” (CURY, 2014, p.40).

A construção dos pensamentos podem vir a partir de gatilhos de memória. Tente lembrar de um momento em que ficou mal, ou agrediu verbalmente ou fisicamente alguém, ou esqueceu de um compromisso ou de uma fala importante para o momento. Antes destas ações, com certeza houve uma fala, uma atitude, um objeto ou a simples presença de alguém que o desencadeou.

E por que isso acontece? Por que todos os acontecimentos que nos foram possíveis viver não podem ser apagados. Estão lá e reaparecem sempre que forem solicitados, principalmente e, na maioria das vezes, de maneira inconsciente.

Mas eles precisam me atormentar a vida toda? Não, podem ser reeditados, elaborados e entendidos.

Pode parecer até contraditório, mas pense na pessoa mais tranquila que você já conheceu. Com certeza esta pessoas teve e tem uma vida cheia de situações (traumas, abandonos, traições, perdas e outros tipos de feridas) que incidem diretamente em seus pensamentos, transformando-se em ações. Ninguém está isento.

Por isso é importante se autoconhecer. Prestar atenção nas falas, nos discursos repetitivos, nas palavras-chaves do próprio falatório, nos afetos sentidos em relação a conversa das pessoas, atitudes ou até em determinados lugares.

Tudo isso podem ser sinais para que você se autoavalie, se estude e, consequentemente se entenda. É evidente que o manejo de um profissional habilitado para ajuda-lo neste autoconhecimento é uma atitude muito sensata. Um analista que tenha experiência em perceber o que seu inconsciente está comunicando pode ser uma ponte muito sólida e significativa para conseguirmos um estar no mundo mais leve e equilibrado.

No próximo artigo conversaremos mais a respeito deste mal que está assolando todos nós: a ansiedade.

Um abraço fortíssimo em você

 

Referência:

CURY, Augusto. Ansiedade: como enfrentar o mal do século. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.


4 Comentários

Sejam bem-vindos à Cellebriway.
A sua Revista Eletrônica

  1. Muito bom essa digamos assim essa pisquianalize da ansiedade
    Uma doença de forte influencia nesse tempo em que vivemos

    ResponderExcluir
  2. Kênia Bitarães Maciel30 de janeiro de 2022 às 18:41

    É de suma importância saber mais e entender sobre a ansiedade. Que valiosa essa leitura, Eduardo! Excelente artigo!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Sejam bem-vindos à Cellebriway.
A sua Revista Eletrônica

Postagem Anterior Próxima Postagem