SAÚDE MENTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
A quarta ferida emocional: a traição
A
chamada ferida da traição é despertada no momento em que a energia sexual se
desenvolve. Essa ferida é vivenciada com o genitor do sexo oposto, em que
engendra uma forte atração mútua e uma grande conexão de amor, logo, um forte
complexo de Édipo.
A
ideia do complexo de Édipo foi pensada por Sigmund Freud, que criou a
psicanálise. Para ele todos nós vivenciamos este momento. Um contexto em que
nos apaixonamos pelo genitor do sexo oposto, ou pela pessoa que desempenha esse
papel. Isso pode ocorrer entre 2 a 6 anos de idade. Momento em que a criança
passa a conviver com uma força sexual e vital, que lhe confere a capacidade de
criar.
Ao
nascer, o bebê tem um ligação extremamente forte com a mãe, de forma
inconsciente e física. Se por causa disso a mãe for muito possessiva e alienar
o pai da participação que lhe é de direito e necessária, o filho ou a filha
vivenciará um complexo de Édipo mal elaborado e poderá ter sérios problemas
psicológicos e sexuais quando jovem.
As
pessoas que vivenciam a ferida da traição geralmente têm problemas em relação
ao complexo de Édipo. Geralmente está mal resolvido. Isso significa que seu
apego ao genitor do sexo oposto é muito maior, o que mais tarde afetará suas
relações afetivas. “Eles tenderão a compará-lo o tempo todo ao seu parceiro ou
criarão expectativas irreais a respeito de seu companheiro por causa do que não
receberam do pai ou da mãe”, relata Lise Bourbeau.
Sempre
que o genitor não cumpre uma promessa ou trai sua confiança a pessoa com esta
ferida se sente traída. Também, quando se é criança, pode se sentir traída
quando diante da chegada de um bebê.
Para
lidar com esta ferida a pessoa cria uma máscara para si: a do controlador.
Geralmente são pessoas cujos corpos transmitem força e poder.
Dentre
as feridas que já conhecemos, a ferida da traição é a que mais cria
expectativas com relação aos outros, pois a pessoa que a tem gosta de prever e
controlar tudo.
Este
controle tem a função de verificar o que os outros estão fazendo, o que devem
fazer e se são confiáveis.
Geralmente
as pessoas com a ferida da traição tem a personalidade forte. Afirmam suas
crenças com assertividade, pois deseja que as pessoas concordem com elas. Forma
opinião sobre determinada pessoa, ou com uma situação, com muita rapidez e tem
certeza de que tem razão com relação a opinião que encontrou. Também, colocam
seus pontos de vista de forma categórica, pois desejam convencer os outros que
seu discurso é veraz e confiável. Todavia, não têm consciência de que vestem
essa máscara.
Acresce
que, as pessoas com esta ferida não gostam de se arriscar a entrar em um
conflito em que não teria recursos para controlá-lo. São talentosos e ágeis e,
não têm muita paciência com pessoas lentas. Quando as coisas não acontecem da
maneira como planejaram, geralmente se enfurecem.
Também
quando acontecimentos não ocorrem segundo suas expectativas, tornam-se
agressivas. O interessante é que essa pessoa não se vê assim. Acredita que é
alguém que marca presença, que é forte o bastante para não se deixar enganar
pelos outros. São pessoas que têm o humor muito instável. Podem perder a
paciência por um incidente muito pequeno.
Devido
ao volume de informações oriundas dessa ferida, vamos continuar a conversar a
respeito dela no próximo artigo. Um grande abraço. Até a próxima semana.
Referência:
BOURBEAU,
Lise. As cinco feridas emocionais
Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
Postar um comentário
Sejam bem-vindos à Cellebriway.
A sua Revista Eletrônica