SAÚDE MENTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
A segunda ferida emocional: o
abandono
No
artigo anterior, discutimos a respeito da ferida da rejeição, que é a única que
toca diretamente no indivíduo, pois as demais se relacionam diretamente com o
ter e o fazer. Neste, analisaremos a segunda ferida que é a do abandono.
Uma
analisanda que sofre de pânico, em uma das nossas sessões, me contou que quando
tinha 7 anos de idade foi levada a um hospital pelo pai e ele, aproveitando de
uma distração dela, foi embora deixando-a no local. Apavorada pelo fato de se
sentir sozinha, saiu correndo do hospital. O interessante é que agora, mais de
30 anos depois, todas as vezes em que ela está se sentindo em dificuldades,
principalmente com relação a possíveis perdas, ela tem o desejo incontido de
sair correndo. Esta pessoa sofre da ferida do abandono.
Geralmente
são pessoas que adotam uma postura apática, têm pouco tônus muscular e não
sabem o que fazer com os braços, principalmente quando estão sendo observados.
Por
ter a necessidade de se sentir amparado pelos outros, o ser ferido pelo
abandono, tem muita dificuldade para tomar decisões por si próprio. Está sempre
buscando ajuda de outros e, quando a encontra, se sente amado.
De
fato, o maior medo de quem sofre da ferida do abandono é a solidão, por isso
faz o possível para chamar a atenção. Está disposto a encarar qualquer situação
para se sentir querido.
E
por que isso acontece? Porque a emoção mais intensa vivida pelo abandonado é a
tristeza, que muitas vezes não sabe nem explicar de onde vem. Para aliviar esta
dor, se apega aos outros.
Tem
muita dificuldade em lidar com pessoas autoritárias, porque as consideram
indiferentes e frias. Chora com facilidade, sobretudo quando fala dos
problemas. Em seu desabafo podemos sentir que existe uma acusação em relação
aos outros, por não o atender quando está precisando.
O
comportamento do que sofre desta ferida é bem perceptível para o companheiro ou
companheira, pois essa pessoa usa a relação sexual para prender aquele com quem
se relaciona. Não é novidade observar que geralmente o indivíduo que reclama de
falta de sexo sofra da ferida do abandono.
Seu
vocabulário tem palavras e frases bem característicos: ausente, sozinho, não
suporto, estou sendo devorado e não largam do meu pé.
Além
disso, tem doenças que podem ser muito possíveis para este tipo de pessoa: dor
nas costas, asma, bronquite, enxaqueca, hipoglicemia, agorafobia, diabetes,
miopia, doenças raras e depressão.
No
próximo artigo conheceremos a terceira ferida emocional. Um grande abraço.
Referência:
BORBEAU,
Lise. As cinco feridas emocionais
Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
A cada semana, estou conhecendo mais sobre o comportamento humano. Aprendendo muito com os artigos do Eduardo. Grande abraço!
ResponderExcluirQue legal poder ler isso. Que seja útil para termos uma vida mais saudável em todos os sentidos.
ResponderExcluirMuito bom ! Parabéns ! Muito importante para conhecer nossas feridas.
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