CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
O Eu como vitrine
Continuando
o assunto de nossa conversa psicanalítica iniciada na semana passada, acredito
ter ficado bem entendido que a obsessão pelo nosso Eu tem se tornado um
problema, por se transformar em uma prática compulsiva.
Tendo
como base as redes sociais, percebemos que elas estão se tornando mais que um
recurso de interação social, mas uma vitrine em que coloco meu Eu sem muitos
pudores, ou muitas vezes falsificado, com objetivos definidos, sem ponderar no
volume do dilema que estou criando para mim mesmo.
O
desejo de receber a aprovação social e a validação dos pontos de vista tem nos
tornado vítimas muito fáceis desta ilusão.
A
situação é tão preocupante que existe até horário apropriado para os postantes
publicarem suas fotos. Geralmente as fotos são postadas entre cinco da tarde e
as onze da noite. Este dado foi dito por um adolescente argentino. Ele disse
que pela manhã não se deve postar, pois o número de likes serão muito poucos. (SIBILIA, 2016).
Então
neste desespero por ter curtidas, a preocupação primeira não é com o conteúdo
propriamente dito, mas com se o que eu publicar vai me render popularidade e repercussão.
Anne
Frank, vítima dos horrores da Segunda Guerra Mundial, escreveu um diário que
foi publicado e que é muito lido até os dias atuais. Ele relata que precisava
escrever porque senão ela iria asfixiar.
A
proposição de Anne nos faz pensar que escrever é um ato de redenção. Preciso
relatar em forma de signos para que eu possa ser, para que eu possa me salvar.
A
fala de Anne Frank também nos faz reportar a outros tipos de entendimento
quando nos voltamos para as redes sociais: preciso postar para ser. Isso denota
que construímos uma identidade a partir do que revelamos para o outro, pois
toda comunicação requer um outrem para existir.
Nos
faz pensar também que se escrevo ou publico fotos, estou criando uma realidade
outra, pois a escolha do que será postado é uma seleção que organiza o que
realmente quero que o outro veja e obviamente, pense. Já tenho uma intenção na
construção deste Eu que quero mostrar. Sendo assim não é real o que estou
realizando, mas sim uma ficção. Até porque, os filtros e os efeitos ilustram
muito bem o que estamos conversando.
A
questão não é transformar as redes sociais em vilões. Acredito que tudo o que
for feito com ponderação, pode ser algo que colabore para termos um estar no
mundo mais significativo.
Todavia
não podemos esquecer de se questionar se a nossa relação com as redes sociais
não está exagerada, podendo nos levar a ter que enfrentar situações
complicadas.
Um
fortíssimo abraço para você. Até a próxima!
Verdade ! Estou vendo pessoas postando , que eu conheço que tem um comportamento muito irritado dando uma de caminho de um cara descontraído e tranquilo ,quando na verdade a vida dele está o maior caus !
ResponderExcluirE nem adianta tentar acordar essa pessoa pelo mal que está fazendo a ele mesmo , pois não escuta conselhos e não está nem aí por ouvir orientações
Mas como que muitos esperam quebrar a cara para sobreviver então deixa ele quebrar a dele mas depois eu direi a ele por ser conhecido " se tá tivesse me ouvido , não teria postado um personagem que não é você! É desse jeito
Até a próxima 👍👏🏽
Excelente!! Ângela
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