CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
Frieza
Muitas
vezes aparecem, no consultório, discursos de analisandos com uma preocupação culposa
por não sentir dor, angústia ou saudade diante da morte de algum parente, ou
mesmo do pai ou da mãe.
Se
sentem como se fossem pessoas que não têm sentimentos e se cobram acreditando
que precisariam de demonstrar algum afeto diante de uma tragédia ocorrida com
uma pessoa de convívio constante.
Embora
ao ouvir o relato possamos pensar que a frieza é um sinal de indiferença e
insensibilidade, tal premissa nem sempre é real.
Para
entendermos o porquê de pessoas se sentirem assim devemos relembrar que
qualquer situação vivida, primeiramente será analisada pelo nosso cérebro
emocional e, depois de um tempo pelo cérebro racional.
Isso
nos sinaliza que a emoção nos fará ter reações que podem ser bem distintas das
reações oriundas da racionalidade. Então em um primeiro momento, para fugirmos
da angústia advinda de um momento não agradável, a negação pode ser o primeiro
colocado da fila.
Tendo
como exemplo a morte, que é um acontecimento comum, natural, mas extremamente
doloroso e angustiante, nossa psique para não se desequilibrar procurará meios
para lidar com esta situação. Um desses dispositivos pode ser a frieza.
Evidentemente
que é uma reação inconsciente, pois conscientemente a pessoa que sente frieza
diante de um contexto trágico quer chorar, se angustiar, mostrar tristeza como
a maioria das pessoas. Então se é inconsciente age fora do controle de nossa
razão e da nossa vontade, não podemos esquecer disso.
Uma
outra explicação é que indivíduos que viveram, na infância, dificuldades
emocionais de toda ordem como privações, doenças, traumas e não tiveram muito
apoio afetivo para enfrentá-las, com certeza desenvolveram uma regulagem nas
emoções que não funcionará da mesma maneira que pessoas que conseguiram ter um
viver mais tranquilo.
Nesses
casos, a frieza pode ser um mecanismo de defesa para o afeto ser menos devastador
para a pessoa que atravessa uma situação tempestuosa.
Porém,
se a frieza incomodar, é muito pertinente buscar ajuda profissional para
entender os motivos da sua existência e tentar se libertar de um jugo que pode
fazê-lo sentir menos humano em algumas situações, mesmo que não deva ser
julgado deste jeito.
Um
fortíssimo abraço para você. Até a próxima!
Fico feliz por obter esse conhecimento uma vez que já teria julgado o outro como um quasse psicopata.
ResponderExcluirExcelente! (Ângela).
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