O papel do pai

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA

O papel do pai

Parece um absurdo, mas até os anos 1970 não se valorizavam a importância do envolvimento paterno. Para terem uma ideia, na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, existem mais de 97 mil estudos sobre o papel exercido pelas mães e somente um pouco mais de 15 mil estudos a respeito da importância do exercício paterno. Alguns estudos na área da psicologia até 2005 excluíam os pais.

Hoje, com base em pesquisas de estudiosos como Kyle Pruett, da Universidade de Yale, sabemos que para minimizar males como desejo suicida, autismo, depressão infantil, déficit de atenção em crianças e adolescentes, o papel do pai se faz bastante relevante.

Porém esta história precisa começar bem antes da paternidade. Na verdade, com o cuidado que o homem precisa ter para com ele mesmo. E por que estou dizendo isso?

Porque o esperma pode levar doenças. Dietas ricas em gordura produzem alterações no esperma, o que leva os filhos, quando adultos, terem algumas doenças.

Ainda tem mais. Outros estudos como os de James Curley, mostram que pais ansiosos afetam seus filhos. Os pesquisadores concluíram que as marcas nos espermatozoides dos pais estavam sendo repassadas. Desta forma, o comportamento das filhas estavam sendo afetado.

Margaret Morris e seus colaboradores da Universidade de New South Wales, na Austrália, notaram que filhos que tinham sobrepeso geralmente tiveram muita influência de um pai que também estava na mesma situação.

Para além disso, existem outras importâncias que devemos atentar. Milton Kotelchuck, um psicólogo de Harvard, foi um dos primeiros a protestar a respeito do conceito de que o apego da criança era exclusivamente com a mãe.

Para provar sua tese, ele fez um experimento com um bebê, com uma mãe, um pai e um estranho. O infante era colocado em um berço e deixado sozinho. Quando chorava a mãe entrava. Quando esta saía ele protestava e então entrava para acalentá-lo, uma hora o pai e em outro momento o estranho. O bebê só continuava a chorar quando estava sob a tutela do estranho.

Um estudo realizado com filhos de marinheiros noruegueses chegou à conclusão de que estas crianças eram menos satisfeitas com seus relacionamentos com seus amigos e consequentemente eram pouco populares.

Diante disso, entendemos que o relacionamento entre pai e filhos com base em quantidade de tempo contribui muito para que estes tenham segurança emocional, autoconfiança e autonomia.

Deu para perceber que o papel que todo homem deve exercer quando pai é mais importante do que imaginávamos devido ao grande impacto deste no desenvolvimento dos filhos. Que possamos fazer o melhor!

Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!