SAÚDE MENTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
A cura das feridas
Ao
longo de algumas semanas estivemos discutindo a respeito das feridas que, em
menor ou maior grau, fazem parte da existência de todos nós.
Neste
artigo, conversaremos a respeito de meios que podemos lançar mão para que estas
feridas possam ser ressignificadas.
Todavia,
a primeira etapa para que tal intento se concretize é o reconhecimento de que
temos alguma destas feridas, uma vez que agora as conhecemos e, podemos assim,
reconhece-las em nós.
Para
tanto não é necessário sentimento de culpa, como por exemplo: “meu Pai, como
consegui viver tanto tempo com isso?”, “Nossa, como não consegui reconhecer
antes que possuía esta ferida”. Tais considerações não nos ajudarão em nada.
Neste momento é olhar para frente e reconhecer que, se foi necessário se vestir
com alguma máscara ou teve que se apossar de algum mecanismo de defesa para ter
um estar no mundo menos intranquilo, foi simplesmente para conseguir sobreviver
neste mundo tão hostil. Portanto, devemos nos sentir vencedores.
Mas,
a roda da vida não para e devemos avançar, e nada melhor que o conhecimento
para nos impulsionar a continuarmos a caminhada.
Assim,
na batalha contra as feridas nos depararemos com nosso ego que busca sempre o
caminho mais fácil para enfrentar as agruras, mas na realidade, complica nossa
vida, pois, podemos assim, adentrar em situações limitantes, que nos impedem de
avançar.
Quando
aprendemos a reger nossas vidas com inteligência e ponderação, o que pode
parecer difícil inicialmente, pois exige um certo esforço, fica mais fácil no
final.
Conversamos
durante a exposição das feridas, nos outros artigos, que elas estão intimamente
ligadas as vivências que temos com nossos genitores. Precisamos entender que a
culpa não é deles. Certamente fizeram o melhor que puderam dentro das
possibilidades que tinham, mas falharam em alguns momentos, como todos nós.
Após
reconhecermos que temos feridas e nos portarmos com inteligência e circunspecção
diante delas, precisamos também aprender a perdoar a nós mesmos e aos nossos
genitores. Se formos conversar com eles a respeito da vida que tiveram, muitas
vezes vamos nos surpreender com o volume de sofrimento que passaram. Esses
sofrimentos, com certeza foram transfigurados no processo educativo que escolheram
para nós. Portanto, todos somos vitimados pelas dores que a vida oferece.
Lise
Bourbeau relata que “não existem pessoas más no mundo, mas doentes. Não se
trata aqui de desculpá-las, e sim de aprender a ter compaixão por elas. Podemos
ter compaixão mesmo não estando de acordo. Essa é uma das vantagens de sermos
conscientes não apenas de nossas feridas, mas também das dos outros”.
Alguns
conceitos precisam estar bem firmados em nós: - Ser você mesmo significa viver
o amor verdadeiro, – Nenhuma mudança advém de um ser que nega os sentimentos, –
Precisamos aceitar que queremos e necessitamos de mudança.
Sendo
assim, aprenderemos a aceitar que temos vulnerabilidades, buscaremos lidar com
estas dificuldades com e sabedoria, perdoaremos as pessoas utilizando da
compaixão e, entenderemos que o viver é luta o tempo todo e que é possível um
estar no mundo mais significativo.
Um
grande abraço. Até a próxima semana.
Referência:
BOURBEAU,
Lise. As cinco feridas emocionais
Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
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