SAÚDE MENTAL
Conversas psicanalíticas com o Dr. Eduardo Baunilha
A terceira ferida emocional: a
humilhação
A
ferida da humilhação está ligada ao mundo físico, do ter e do fazer e acontece
no momento em que a criança está aprendendo a comer sozinha, a ser asseada, a
ir ao banheiro, a falar, compreender e a escutar o que os outros dizem.
Esta
ferida se produz quando a criança percebe que os pais têm vergonha dela por
causa de alguma situação, como estar suja ou quando é mal educada em algum
contexto.
Geralmente,
a pessoa que tem esta ferida, veste a máscara do masoquista, ou seja, torna-se
uma pessoa que tem satisfação em sofrer. Todavia, esta procura pelo sofrimento
e humilhação vêm de raízes inconscientes.
Um
comportamento bem típico do masoquista, portador da ferida da humilhação é
desejar fazer muitas coisas para as pessoas e, ao mesmo tempo, leva-las a
sentirem que sem sua ajuda não serão bem sucedidas. Quando se considera
especial, acredita ser necessário provar isso para as pessoas.
Pessoas
com a ferida da humilhação têm dificuldade para exprimir suas reais
necessidades e o que sentem verdadeiramente. Sentem vergonha de comentar a
respeito de um irmão desonesto, de um tio preso, de um amigo traficante.
Têm
muita dificuldade de sentir suas próprias necessidades e, quando percebe que
alguém da família não está feliz, sente-se culpado, que deveria ter feito algo,
dito alguma coisa. Assim, mantendo o foco na necessidade do outro, esquece de
si mesmo.
Tal
situação torna-se verdade porque a pessoa que tem a ferida da humilhação não se
considera livre. Geralmente foi uma criança que se sentia presa pelos pais, que
não tinha muita liberdade de escolher amigos, de sair de casa a lugares
seguros, pois tinha responsabilidades a serem exercidas dentro de casa. Ações
assim, fazem com que a criança quando adulta, seja uma pessoa que cria
obrigação para si, mais que o normal.
Segundo
Lise Borbeau “o ser humano faz de tudo para não ter consciência do sofrimento,
pois tem muito medo de sentir a dor associada à sua ferida”. Por isso, as
pessoas que sofrem da ferida da humilhação fazem de tudo para serem dignas,
pois acreditam que não merecem ser amadas, supõe que não são dignas de ser
feliz, só de sofrer.
Também
podem ter problemas na esfera sexual. Borbeau (2020) relata que “o filho de uma
mãe que engravidou na adolescência pode ter problemas sexuais se esta mãe
sentiu vergonha da gravidez, pois este sentimento fará com que a criança tenha
uma visão distorcida do ato sexual.
Por
isso, muitos adolescentes engordam quando o impulso sexual começa a aparecer
com mais intensidade. É uma reação inconsciente para não serem desejados.
Esta
ferida também atrapalha a termos uma comunicação mais afetiva, pois criam medos
como: magoar o outro, de revelar suas necessidades, de fazer o outro ou a si
mesmo se sentir como indesejado, de ser tachado de indigno.
Alguns
problemas oriundos desta ferida são: problemas respiratórios, tireóide,
problemas dermatológicos, hipoglicemia ou diabetes, problemas cardíacos e
problemas no fígado.
No
próximo artigo conheceremos a quarta ferida emocional – a traição. Um grande
abraço.
Referência:
BORBEAU,
Lise. As cinco feridas emocionais
Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
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