SAÚDE
POR QUE CHAMAR DE DOR OU FRAQUEZA O QUE É EMOÇÃO?
Arquivo Pessoal
Psicóloga Vanessa Jaccoud fala sobre efeitos psicossomáticos do isolamento social e a falta do abraço
01. O preconceito contra doenças que têm causas emocionais e não físicas. Por favor, comente.
O significado literal de preconceituar, preconceber é adotar opinião induzida por preconceito ou sem o conhecimento adequado do assunto. Doença é doença, seja ela emocional ou física.
Creio que embora estejamos cada vez mais compreendendo o ser humano de uma forma total e holística, ainda hoje exista uma pequena parte de pessoas e cientistas que insistem em reduzir o ser humano somente ao ambiente físico.
A própria Psicossomática ilumina a ideia do ser humano composto por sistemas distintos, porém integrados na grande composição do que somos, bem como do que adotamos como padrão/crenças, seja na saúde quanto na doença. As pessoas anseiam por razões simples que possam explicar as complexidades do humano.
A redução para somente uma validação do que é físico, concreto, pode até ser uma crença para alguns, percebo até como um hábito possível da mente humana, mas eu, enquanto cientista, prefiro acreditar que esse é um pensamento da minoria. Existem pessoas que precisam nomear algo mais complexo a partir desta redução exclusiva da concretude, daquilo que é palpável, para obterem alguma noção de controle. É real o processo de comunicação mente-corpo, existe um percurso natural que elenca tudo o que é próprio do humano e nos sujeita a um funcionamento psicofísico conjunto. Não somos somente corpo, nem tão pouco só uma mente, somos a soma de tudo o que nos sustenta, de tudo o que nos envolve de forma bio, psico, sócio, cultural e espiritual. Exatamente nessas 5 dimensões acontecemos. Novamente repito, seja na saúde ou na doença, somos o somatório destas diferentes dimensões e somos afetados, digo, acontecemos nelas, pois, mesmo em situações singulares de uma só dessas partes, sempre existirá alguma ressonância nas outras dimensões. Somos o todo e não somente as partes. A afetação mental, psicoemocional pode e deve ser encarada como uma demanda de cuidados e não como estigma de loucura, como alguns ainda pensam. Buscar tratamento com um profissional da saúde mental para um mal estar psicológico, emocional ou até mesmo prevenir nossa dimensão psicológica de danos futuros é beneficiar não somente um, mas todos os outros sistemas que nos constituem enquanto humanos que somos.
02. Por que chamamos de dor ou fraqueza o que é emoção?
Talvez seja novamente pela necessidade de não aprofundar a complexidade do humano ou ser submetido ao que não compreendemos. Emoção é uma palavra derivada do latim EMOVERE, que significa mover de dentro para fora, entrar em contato. É possível dizer que nossas emoções são uma maneira de comunicar nossos mais importantes estados, percepções, bem como, nossas necessidades internas. As emoções são uma expressão psicofisiológica ou biológica e tem menor duração do que os nossos sentimentos por exemplo, embora as emoções sejam mais intensas. A demonstração de uma emoção não necessariamente significa ser fraco frente a uma determinada situação, significa que somos humanos e detectamos algo no ambiente interno que necessita ser comunicado. Algo importante a ser pensado a respeito das nossas emoções é que não é “o que” detectamos que irá nos gerar má interpretação, mas “como” externalizamos esta comunicação.
03. Por que o corpo apresenta sintomas de uma doença que não tem?
Corpo e mente são sistemas integrados e utilizam uma comunicação entre si para compreensão dos distintos aspectos psicofísicos que nos compõem. Sintomas são queixas subjetivas e, mesmo na ausência de evidências clínicas que justifiquem, digo, sinais, jamais devem ser ignorados. Após uma investigação clínica, caso não existam evidências adicionais que justifiquem tais sintomas, podemos considerar outras alternativas, como afetações psicológicas e/ou emocionais. Muitas vezes a percepção do indivíduo sobre si mesmo e sua saúde pode estar alterada por fatores internos, emocionais, psíquicos desconhecidos até por ele próprio, talvez até fatores inconscientes. No relato deste indivíduo sobre o que sente, na sua queixa, pode-se considerar até mesmo o sintoma isolado como uma tentativa de ajustamento, visando retornar à homeostase. Esta tentativa pode estar sendo percebida e descrita pelo paciente muitas vezes como dor, pressão, confusão, mal estar, dentre outras queixas “imateriais”, “não concretas”, “impalpáveis”, as quais não trarão evidências clínicas que as justifiquem, embora sejam também indícios de algum desequilíbrio, o qual deve ser além de investigado, respeitado pela equipe de saúde que assiste a pessoa. Na minha opinião, se existe uma descrição sintomática, existe a necessidade de cuidados.
04. Gatilhos? Como prevenir? Como cuidar? Tem cura?
Gatilhos emocionais são respostas mentais, as quais produzem de forma específica pensamentos, emoções e comportamentos que estão conectados na maioria das vezes às vivências pretéritas do sujeito. Os gatilhos emocionais podem gerar manifestações tanto negativas quanto positivas. Este fenômeno mental dispara sensações, percepções e pensamentos e remete a pessoa para momentos já acontecidos no passado, para fazer com que o sujeito reviva aquela situação. Gatilhos emocionais podem, inclusive, gerar sintomas físicos distintos que variam de pessoa para pessoa. Prevenir um gatilho é uma tarefa delicada, uma vez que, havendo traumatização por exemplo, nem sempre a relação de causa e efeito poderá ser acessada conscientemente pela pessoa.
A noção psicofísica e comportamental do desconforto gerado pelo gatilho emocional pode ser um indicador de que algo não está bem e a tentativa de constatação de quais são os possíveis fatores envolvidos na situação, pode gerar algum entendimento sobre a questão. Observar se por exemplo são os mesmos desconfortos frente às mesmas situações (situações repetidas), pode ajudar nessa identificação, contudo, ainda assim, a melhor indicação sempre é que se busque um profissional para ajudar na extinção ou amenização do quadro, caso o desconforto persista.
Gatilhos emocionais são respostas mentais, as quais produzem de forma específica pensamentos, emoções e comportamentos que estão conectados na maioria das vezes às vivências pretéritas do sujeito. Os gatilhos emocionais podem gerar manifestações tanto negativas quanto positivas. Este fenômeno mental dispara sensações, percepções e pensamentos e remete a pessoa para momentos já acontecidos no passado, para fazer com que o sujeito reviva aquela situação. Gatilhos emocionais podem, inclusive, gerar sintomas físicos distintos que variam de pessoa para pessoa. Prevenir um gatilho é uma tarefa delicada, uma vez que, havendo traumatização por exemplo, nem sempre a relação de causa e efeito poderá ser acessada conscientemente pela pessoa.
A noção psicofísica e comportamental do desconforto gerado pelo gatilho emocional pode ser um indicador de que algo não está bem e a tentativa de constatação de quais são os possíveis fatores envolvidos na situação, pode gerar algum entendimento sobre a questão. Observar se por exemplo são os mesmos desconfortos frente às mesmas situações (situações repetidas), pode ajudar nessa identificação, contudo, ainda assim, a melhor indicação sempre é que se busque um profissional para ajudar na extinção ou amenização do quadro, caso o desconforto persista.
05. Síndrome da cabana x isolamento social imposto pela pandemia
Não podemos negar que a pandemia da Covid-19 gerou a necessidade de um isolamento social tão longo, que obviamente, consequências psicológicas já são afetações presentes em grande parte da população mundial. Existem muitos efeitos psicológicos já constatados advindos da pandemia e um deles é exatamente a enorme dificuldade em sair de casa e manter uma vida social num suposto contexto normal, neste momento, ainda que sob regras e condições para prevenção de contágio. Muitas pessoas vem falando atualmente sobre esta síndrome, mas vale ressaltar que a síndrome da cabana não é um transtorno mental e nem um distúrbio psicológico. Esta síndrome surgiu no Norte dos Estados Unidos em torno de 1900, fazendo referência aos caçadores que ficavam isolados em suas cabanas, por muito tempo em invernos severos. Após este período, quando estes caçadores precisavam retornar às suas rotinas e atividades sociais, estavam com medo e muita dificuldade de se relacionarem socialmente. Esse fenômeno ocorreu naquele período com alguns caçadores, lembrando que cada pessoa reage à sua maneira às condições impostas, mesmo naquela situação. Esta síndrome não foi uma condição geral, nem naquela época.
Fazendo um paralelo com a pandemia, é vital que as avaliações das afetações psicológicas sejam singulares, cada pessoa e suas reações, desconfortos e forma de lidar com tudo o que estamos vivendo. Não é só porque uma pessoa sente certo desconforto em estar novamente exposta socialmente que necessariamente estará com um transtorno ou mesmo acometida pela síndrome da cabana. Situações que estejam fora da normalidade podem ser indicadores, mas vale lembrar que devemos sempre perceber que neste período de pandemia prolongada, vamos viver sim alguns desequilíbrios e tentativas de ajustamento, minimamente em uma ou em todas as nossas dimensões humanas. Não creio que alguém consiga passar ileso por tamanho evento. Alguns desconfortos teremos, o termômetro somos nós, na percepção da nossa subjetividade e o que extrapolou nossa normalidade, nossos limites. Insegurança e dificuldade são elementos aceitáveis frente à situações de perigoso que demandem alta exigência psíquica, por isso, devemos estar atentos aos sinais e mudanças em nossa atuação diária e caso haja constatação de que não existe mais uma regulação e limites extrapolaram gerando incômodos e mudando drasticamente nosso ser no mundo, buscar ajuda profissional sempre será o melhor caminho.
Não podemos negar que a pandemia da Covid-19 gerou a necessidade de um isolamento social tão longo, que obviamente, consequências psicológicas já são afetações presentes em grande parte da população mundial. Existem muitos efeitos psicológicos já constatados advindos da pandemia e um deles é exatamente a enorme dificuldade em sair de casa e manter uma vida social num suposto contexto normal, neste momento, ainda que sob regras e condições para prevenção de contágio. Muitas pessoas vem falando atualmente sobre esta síndrome, mas vale ressaltar que a síndrome da cabana não é um transtorno mental e nem um distúrbio psicológico. Esta síndrome surgiu no Norte dos Estados Unidos em torno de 1900, fazendo referência aos caçadores que ficavam isolados em suas cabanas, por muito tempo em invernos severos. Após este período, quando estes caçadores precisavam retornar às suas rotinas e atividades sociais, estavam com medo e muita dificuldade de se relacionarem socialmente. Esse fenômeno ocorreu naquele período com alguns caçadores, lembrando que cada pessoa reage à sua maneira às condições impostas, mesmo naquela situação. Esta síndrome não foi uma condição geral, nem naquela época.
Fazendo um paralelo com a pandemia, é vital que as avaliações das afetações psicológicas sejam singulares, cada pessoa e suas reações, desconfortos e forma de lidar com tudo o que estamos vivendo. Não é só porque uma pessoa sente certo desconforto em estar novamente exposta socialmente que necessariamente estará com um transtorno ou mesmo acometida pela síndrome da cabana. Situações que estejam fora da normalidade podem ser indicadores, mas vale lembrar que devemos sempre perceber que neste período de pandemia prolongada, vamos viver sim alguns desequilíbrios e tentativas de ajustamento, minimamente em uma ou em todas as nossas dimensões humanas. Não creio que alguém consiga passar ileso por tamanho evento. Alguns desconfortos teremos, o termômetro somos nós, na percepção da nossa subjetividade e o que extrapolou nossa normalidade, nossos limites. Insegurança e dificuldade são elementos aceitáveis frente à situações de perigoso que demandem alta exigência psíquica, por isso, devemos estar atentos aos sinais e mudanças em nossa atuação diária e caso haja constatação de que não existe mais uma regulação e limites extrapolaram gerando incômodos e mudando drasticamente nosso ser no mundo, buscar ajuda profissional sempre será o melhor caminho.
06. Consequências da falta do abraço e sua importância.
Abraços são abrigos, nos acolhem e aproximam do outro. Abraçar é comunicar sem palavras, que a pessoa não está sozinha, é a comunicação não verbal do “vem aqui, estou com você”, da falta que alguém nos fez, da celebração de alguma conquista, do suporte em algum momento difícil. Além da liberação de oxitocina e endorfina, um abraço demonstra afeto, amizade, compaixão, sensibilidade, empatia e por aí vai. Algumas pesquisas científicas relatam a importância do abraço e sorrisos (juntamente com o tratamento indicado) no efetivo auxílio para cura/melhora de algumas doenças. Abraços amenizam a tristeza, acolhem a solidão, secam lágrimas e nos preenchem com uma noção de pertencimento. O ser humano precisa de abraços até mesmo para enfrentar com coragem situações de disputa ou momentos de fragilidade existencial. Não nascemos para viver sozinhos e é no abraço que entendemos que “pertencemos” à uma sociedade, uma família, um grupo, um meio. Não receber ou oferecer um abraço é possivelmente estar privado dessas construções, vinculações e experiências afetivas do humano. Até os animais se acalmam e se beneficiam em um abraço.
A pandemia e a iminente necessidade de nos mantermos em isolamento, com iniciativas de contato mais reservadas no cumprimento social das pessoas queridas, nos trouxe uma demonstração da importância de um abraço. Quem não sentiu o impacto, por exemplo, quando encontrou um familiar querido, um grande amigo que há tempos estava afastado e não pode dar um abraço apertado para “matar a saudade”? Certamente acabamos sentindo muito este distanciamento imposto que nos impede de dar “aquele abraço apertado” em quem amamos, em quem precisa de nós.
Esse momento mundial, principalmente, não deve passar sem algumas reflexões! É imprescindível que tenhamos consciência e com a pandemia possamos aprender à partir do distanciamento social imposto, que demonstrações afetivas podem e devem acontecer, espontaneamente e de forma positiva aos que amamos ou até mesmo para aqueles que precisam de nós, pois a vida é instante e em um mero instante, tudo, absolutamente tudo, pode mudar.
Abraços são abrigos, nos acolhem e aproximam do outro. Abraçar é comunicar sem palavras, que a pessoa não está sozinha, é a comunicação não verbal do “vem aqui, estou com você”, da falta que alguém nos fez, da celebração de alguma conquista, do suporte em algum momento difícil. Além da liberação de oxitocina e endorfina, um abraço demonstra afeto, amizade, compaixão, sensibilidade, empatia e por aí vai. Algumas pesquisas científicas relatam a importância do abraço e sorrisos (juntamente com o tratamento indicado) no efetivo auxílio para cura/melhora de algumas doenças. Abraços amenizam a tristeza, acolhem a solidão, secam lágrimas e nos preenchem com uma noção de pertencimento. O ser humano precisa de abraços até mesmo para enfrentar com coragem situações de disputa ou momentos de fragilidade existencial. Não nascemos para viver sozinhos e é no abraço que entendemos que “pertencemos” à uma sociedade, uma família, um grupo, um meio. Não receber ou oferecer um abraço é possivelmente estar privado dessas construções, vinculações e experiências afetivas do humano. Até os animais se acalmam e se beneficiam em um abraço.
A pandemia e a iminente necessidade de nos mantermos em isolamento, com iniciativas de contato mais reservadas no cumprimento social das pessoas queridas, nos trouxe uma demonstração da importância de um abraço. Quem não sentiu o impacto, por exemplo, quando encontrou um familiar querido, um grande amigo que há tempos estava afastado e não pode dar um abraço apertado para “matar a saudade”? Certamente acabamos sentindo muito este distanciamento imposto que nos impede de dar “aquele abraço apertado” em quem amamos, em quem precisa de nós.
Esse momento mundial, principalmente, não deve passar sem algumas reflexões! É imprescindível que tenhamos consciência e com a pandemia possamos aprender à partir do distanciamento social imposto, que demonstrações afetivas podem e devem acontecer, espontaneamente e de forma positiva aos que amamos ou até mesmo para aqueles que precisam de nós, pois a vida é instante e em um mero instante, tudo, absolutamente tudo, pode mudar.
07. Brasileiros no exterior x doenças psicossomáticas.
A mudança no percurso de vida, seja ela drástica ou circunstancial, imposta ou escolhida, traz inevitavelmente um estranhamento, um desequilíbrio da homeostase antes experienciada e uma necessidade de adaptação ao novo. Existem em nós diferentes sistemas integrados compondo o ser humano que somos, bio-psico-sócio-cultural-espiritual.
À medida que somos movidos para um novo meio, para um lugar e/ou situação que antes não estávamos vivenciando, todos estes sistemas demandarão suas adaptações para o novo momento, novo local e nova experiência. Essa noção humana se aplica para qualquer mudança de vida, novo emprego, novo relacionamento, nova casa, nova formação familiar, novo grupo escolar/acadêmico, nova cidade e obviamente, dentre tantas outras possibilidades de mudança de percurso humano, mudança para um novo País. Algumas pessoas, por razões distintas e subjetivas, adotam esta mudança, sem muitas vezes considerar os aspectos elencados neste movimento. Mudar significa não mais viver o que fosse para ceder espaço ao que agora está ali à nossa frente. Existem inclusive muitos lutos implicados no processo de uma mudança para o exterior, deixar a família de origem, amigos, o clima das estações do ano, o seu idioma nativo, a afetividade social própria de sua cultura, dentre outros aspectos são perdas importantes que devem ser consideradas. Ainda que seja sobre uma promoção para o “emprego dos sonhos” ou “a chance de trilhar a vida que merece”, não é tão simples e fácil quanto parece, existirão ainda impactos incidindo sobre esta mudança de percurso. Eu, particularmente, já vivi a experiência morando anos em NY e entendo não somente na teoria, bem como na prática (leia-se na própria pele), algumas dessas variações. Atendo pacientes por chamadas de vídeo há algum tempo, atualmente em mais de 8 países diferentes e estes em sua maioria são Brasileiros vivendo no exterior. Alguns chegaram a pouco tempo por lá e outros estão há anos sem conseguir entender direito suas vidas e o que sentem por dentro. São percebidos muitas vezes como vivendo uma separação, uma bipartição, onde os corpos são movidos para outro país mas suas almas ficaram “em casa”, no seu país de origem. Dificuldades vivenciais são frequentemente descritas e a noção é que acabam sendo cidadãos de lugar nenhum, muitas vezes. O coração deles vive apertado com “saudades de casa”, mas passa despercebido que casa deveria ser onde estão agora...Muitas dificuldades são trazidas como queixa principal, porém, tantas outras elencadas no quadro, sequer conseguem ser processadas e consideradas conscientemente por estes pacientes. Estar exposto a uma Sociedade diferente da nossa de origem, com sua própria cultura, população, educação, gastronomia, idioma, enfim, funcionamento geral distinto do que estamos habituados, nos impõe a um desequilíbrio que sofre impacto nas nossas 5 dimensões já descritas acima. O stress, seja ele percebido ou não, demanda o retorno da homeostase psicofísica e inicia-se ali este percurso, exatamente no momento que é detectado este desgaste. O tempo é subjetivo, próprio de cada indivíduo, alguns passam bem pela experiência e em pouco tempo se adaptam, outros nem tanto, alguns passam bem por um tempo mas à medida que o tempo passa vai percebendo declínios e variações em si que antes não existiam. Muitos indivíduos não sabem sequer as razões destas variações e dizem que “estava tudo bem” até agora, sendo que, de repente, uma percepção de mal estar e sintomas passaram a ocorrer de forma progressiva. Na verdade não será uma questão de tempo cronológico e sim de tempo percebido, mais uma vez repito, cada um reage à sua maneira, de forma positiva ou negativa, mas não vai ter ninguém ileso ou intacto na experiência de mudar de País sozinho ou com sua família, pois a própria variação da mudança em si demandará o ajustamento e modificará a estrutura do que fomos inicialmente. Falo sempre com meus pacientes, utilizando dentre outros recursos a psicoeducação, sobre a síndrome de adaptação geral, descrita pelo Dr. Hans Selye, médico canadense, que identifica a síndrome com uma sequência de resposta ao stress, quando um stress agudo ameaça nossa sobrevivência. Nesta síndrome, explicando de forma bem encurtada, consegue-se entender claramente que, após detecção da ameaça, da retirada da “zona de conforto”, o organismo como um todo entra no modo luta-fuga de forma rápida e em curta duração, para garantir sua sobrevivência. Se o stress for contínuo e persistente, haverá o curso de adaptação que envolve as supra renais, cortisol, insulina, etc. e vai ocorrer a necessidade no ajustamento psicofísico. A demanda então será que nossos diferentes sistemas se adaptem para retornar à homeostase. Esses diferentes sistemas alarmados vão possivelmente produzir reações, sensações e sintomas na busca do retorno ao “conforto” psicofísico. Essas reações podem variar de pessoa para pessoa, como por exemplo, alergias, dores nas juntas, alteração do humor, ansiedade, insônia, hipersonia, depressão, disparos do stress, aumento/falta de apetite, situações gastrointestinais (refluxo, azia, etc.), variações na pressão arterial, etc.
Vale lembrar que o curso de adaptação ao stress descrito por Hans Selye vai permanecer sendo ativado, neste circuito biológico, enquanto houver a necessidade de ajustamento à uma ameaça real ou imaginária. Sabendo que nossa mente atua de forma consciente e inconsciente, vale ressaltar que muitas vezes o próprio indivíduo percebe suas alterações e se sente sobressaltado, como se tivesse alarmado ou relata dores e outros desconfortos físicos, contudo, não consegue identificar os motivos que o levaram até este quadro. Um trabalho realizado com profissional em Psicossomática certamente iluminará o caminho neste entendimento, atuando junto ao paciente para amenizar ou extinguir os desconfortos psicofísicos.
Não é fácil mudar e mudanças demandam ajustamentos e novos cuidados.
A mudança no percurso de vida, seja ela drástica ou circunstancial, imposta ou escolhida, traz inevitavelmente um estranhamento, um desequilíbrio da homeostase antes experienciada e uma necessidade de adaptação ao novo. Existem em nós diferentes sistemas integrados compondo o ser humano que somos, bio-psico-sócio-cultural-espiritual.
À medida que somos movidos para um novo meio, para um lugar e/ou situação que antes não estávamos vivenciando, todos estes sistemas demandarão suas adaptações para o novo momento, novo local e nova experiência. Essa noção humana se aplica para qualquer mudança de vida, novo emprego, novo relacionamento, nova casa, nova formação familiar, novo grupo escolar/acadêmico, nova cidade e obviamente, dentre tantas outras possibilidades de mudança de percurso humano, mudança para um novo País. Algumas pessoas, por razões distintas e subjetivas, adotam esta mudança, sem muitas vezes considerar os aspectos elencados neste movimento. Mudar significa não mais viver o que fosse para ceder espaço ao que agora está ali à nossa frente. Existem inclusive muitos lutos implicados no processo de uma mudança para o exterior, deixar a família de origem, amigos, o clima das estações do ano, o seu idioma nativo, a afetividade social própria de sua cultura, dentre outros aspectos são perdas importantes que devem ser consideradas. Ainda que seja sobre uma promoção para o “emprego dos sonhos” ou “a chance de trilhar a vida que merece”, não é tão simples e fácil quanto parece, existirão ainda impactos incidindo sobre esta mudança de percurso. Eu, particularmente, já vivi a experiência morando anos em NY e entendo não somente na teoria, bem como na prática (leia-se na própria pele), algumas dessas variações. Atendo pacientes por chamadas de vídeo há algum tempo, atualmente em mais de 8 países diferentes e estes em sua maioria são Brasileiros vivendo no exterior. Alguns chegaram a pouco tempo por lá e outros estão há anos sem conseguir entender direito suas vidas e o que sentem por dentro. São percebidos muitas vezes como vivendo uma separação, uma bipartição, onde os corpos são movidos para outro país mas suas almas ficaram “em casa”, no seu país de origem. Dificuldades vivenciais são frequentemente descritas e a noção é que acabam sendo cidadãos de lugar nenhum, muitas vezes. O coração deles vive apertado com “saudades de casa”, mas passa despercebido que casa deveria ser onde estão agora...Muitas dificuldades são trazidas como queixa principal, porém, tantas outras elencadas no quadro, sequer conseguem ser processadas e consideradas conscientemente por estes pacientes. Estar exposto a uma Sociedade diferente da nossa de origem, com sua própria cultura, população, educação, gastronomia, idioma, enfim, funcionamento geral distinto do que estamos habituados, nos impõe a um desequilíbrio que sofre impacto nas nossas 5 dimensões já descritas acima. O stress, seja ele percebido ou não, demanda o retorno da homeostase psicofísica e inicia-se ali este percurso, exatamente no momento que é detectado este desgaste. O tempo é subjetivo, próprio de cada indivíduo, alguns passam bem pela experiência e em pouco tempo se adaptam, outros nem tanto, alguns passam bem por um tempo mas à medida que o tempo passa vai percebendo declínios e variações em si que antes não existiam. Muitos indivíduos não sabem sequer as razões destas variações e dizem que “estava tudo bem” até agora, sendo que, de repente, uma percepção de mal estar e sintomas passaram a ocorrer de forma progressiva. Na verdade não será uma questão de tempo cronológico e sim de tempo percebido, mais uma vez repito, cada um reage à sua maneira, de forma positiva ou negativa, mas não vai ter ninguém ileso ou intacto na experiência de mudar de País sozinho ou com sua família, pois a própria variação da mudança em si demandará o ajustamento e modificará a estrutura do que fomos inicialmente. Falo sempre com meus pacientes, utilizando dentre outros recursos a psicoeducação, sobre a síndrome de adaptação geral, descrita pelo Dr. Hans Selye, médico canadense, que identifica a síndrome com uma sequência de resposta ao stress, quando um stress agudo ameaça nossa sobrevivência. Nesta síndrome, explicando de forma bem encurtada, consegue-se entender claramente que, após detecção da ameaça, da retirada da “zona de conforto”, o organismo como um todo entra no modo luta-fuga de forma rápida e em curta duração, para garantir sua sobrevivência. Se o stress for contínuo e persistente, haverá o curso de adaptação que envolve as supra renais, cortisol, insulina, etc. e vai ocorrer a necessidade no ajustamento psicofísico. A demanda então será que nossos diferentes sistemas se adaptem para retornar à homeostase. Esses diferentes sistemas alarmados vão possivelmente produzir reações, sensações e sintomas na busca do retorno ao “conforto” psicofísico. Essas reações podem variar de pessoa para pessoa, como por exemplo, alergias, dores nas juntas, alteração do humor, ansiedade, insônia, hipersonia, depressão, disparos do stress, aumento/falta de apetite, situações gastrointestinais (refluxo, azia, etc.), variações na pressão arterial, etc.
Vale lembrar que o curso de adaptação ao stress descrito por Hans Selye vai permanecer sendo ativado, neste circuito biológico, enquanto houver a necessidade de ajustamento à uma ameaça real ou imaginária. Sabendo que nossa mente atua de forma consciente e inconsciente, vale ressaltar que muitas vezes o próprio indivíduo percebe suas alterações e se sente sobressaltado, como se tivesse alarmado ou relata dores e outros desconfortos físicos, contudo, não consegue identificar os motivos que o levaram até este quadro. Um trabalho realizado com profissional em Psicossomática certamente iluminará o caminho neste entendimento, atuando junto ao paciente para amenizar ou extinguir os desconfortos psicofísicos.
Não é fácil mudar e mudanças demandam ajustamentos e novos cuidados.
ATENDIMENTO SOCIAL NA COMUNIDADE TERREIRÃO (RECREIO, RJ)
Os atendimentos na clínica do Terreirão contam com uma equipe formada por Endocrinologista, Neurologista, Psiquiatra, Cirurgião Plástico, Biomédica, equipe de Harmonização facial, Avaliação Psicológica e Nutricionista, quando necessário, dependendo de cada caso, sob a direção clínica da Dra. Vanessa Jaccoud. Com valor social, atende crianças, adolescentes, adultos e idosos, todos os dias úteis, em todas as áreas (transtornos ansiosos, fobias, situações conjugais, existenciais, lutos, transgeneridade, patologias da saúde mental, Psiconeuroendocrinoimunologia, Psicossomática, Psico-Oncologia, transtornos graves, etc). Online e presencial, mediante agendamentos e cumprindo todas as regras clínicas para atendimento neste período da pandemia.
Sobre a Drª Vanessa Jaccoud (CRP 05/47172)
Psico-Oncologista, Psicóloga clínica (condições vivenciais e patológicas, ansiedade, depressão, stress crônico e outras condições), com especialidades também em Psicossomática (sintomas físicos + psíquicos), Dor crônica, Residente no Ambulatório de Psicossomática da Santa Casa de SP.
Psico-Oncologista, Psicóloga clínica (condições vivenciais e patológicas, ansiedade, depressão, stress crônico e outras condições), com especialidades também em Psicossomática (sintomas físicos + psíquicos), Dor crônica, Residente no Ambulatório de Psicossomática da Santa Casa de SP.
Membro Titulada de importantes Sociedades nacionais e internacionais de saúde (ABMP-SP, SBPO e WPATH), a Dra. Vanessa Jaccoud atende pacientes nos 3 consultórios do Rio e na Santa Casa de São Paulo, além de 8 países - USA (New Orleans, New York, Florida, Massachusetts, Connecticut), Bélgica, França, Portugal, Líbano, Tailândia, Inglaterra e Holanda. Primeira mulher do Brasil a fazer parte da WPATH (World Professional Association for Transgender Health).
Contato 21-97353-2922
Instagram: @dravanessajaccoud
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